Construção do conhecimento no ambiente escolar
A presente reflexão desenvolvida neste trabalho, tem como objetivo o contato com o conhecimento já construído pelo homem e que possibilitou a análise e reflexão sobre o que já está pronto, nos permitindo a sua reconstrução.
O ato de pesquisar envolve mecanismos como a leitura significativa, o entendimento do conhecimento já produzido pelo homem e do meio que o cerca, não só meio físico, mas também político, filosófico e religioso. Trata-se também, do entendimento de linguagens cada vez mais complexas e rebuscadas, diante das quais nos deparamos constantemente. A leitura enquanto instrumento de atribuição de significação e compreensão, torna-se básica nesse processo de pesquisa.
O nosso maior objetivo, no decorrer deste trabalho, é que a pesquisa aqui realizada, se faça através de estudos teóricos, com uma fundamentação básica sobre temas que estão mais imediatamente relacionados á necessidade dos educadores, para que os mesmos desempenhem bem o seu papel.
Ao buscarmos os fundamentos epistemológicos do processo de conhecimento, procuramos nos remeter à teoria do conhecimento. O evento básico de toda teoria do conhecimento é a relação entre sujeito e objeto; o problema básico que se coloca é: como alguém conhece algo?. A relação de conhecimento pode ser entendida como sendo a relação de um sujeito cognoscente com o cognoscível.
Nesta relação sujeito-objeto, o objeto resiste à ação do sujeito e o obriga a se modificar. "Não há nem identidade preestabelecida, nem redução total de um a outro, nem exterioridade radical, mas uma série de ações e de reações que mostram o esforço da idéia para envolver ou modificar a coisa e a resistência da coisa, que obriga a própria idéia a se modificar. Esse duelo prossegue em todos os níveis, quer da ação prática, quer da doutrina de experimentação científica. Sem estes conflitos, haveria uma estagnação do conhecimento. É através deles que suas estruturas, a principio elementares, tornam-se mais precisas e organizam-se em sistemas cujo plano vai de complicações em simplificações, de modo a apreender, do real, tanto o detalhe exato, quanto conjuntos de cada vez mais amplos.
De certa forma, essa referência à relação sujeito-objeto, é um tanto significadora, uma vez que não existe o sujeito, nem o objeto, como tais, independente da totalidade social: o sujeito é formado no social e o objeto se apresenta no contexto social. Não há mais "ato puro" de conhecimento, uma vez que tanto o homem, quanto a natureza, estão marcados pelo trabalho acumulado de inúmeras gerações, trabalho este objetivado na cultura.
O sujeito, no processo de desenvolvimento, passa a ter a capacidade de construir representações mentais das partes deste todo, tomadas como objeto de investigação; objetivo primeiro desta pesquisa. Chegará o dia em que o instrumento verbal possuirá, suficientemente, significações bem diferenciadas para que, na ausência dos objetos ou dos atos, possa unir-se á simples imagem deles e servir para torna-la mentalmente presente. É a idade em que a representação se põe a existir por sí mesma. Ela não tem mais como suporte necessário uma percepção concomitante, mas apenas seus próprios meios de expressão.
É com base em todas essas premissas e possibilidade que se insere a presente reflexão, a qual teve o objetivo de ampliar as visões sobre a construção do conhecimento.
Esperamos que esta linha de reflexão contribua para o trabalho de profissionais preocupados com a educação, especificamente, com a questão da construção do conhecimento no ambiente escolar.
João Batista Henrique
Professor de Filosofia da educação, Dr. em Teologia e Psicopedagogo
Autor do livro "A construção do conhecimento/Abordagem psicopedagógica da educação